IA no controle remoto. Buffett no coração. E a Casas Bahia no lucro (sim, você leu certo).
A quinquagésima terceira edição do BoB Post está no ar. Segue o fio 👇
Pra ler o BoB Post em 3 minutos caso você não tenha tempo ou saco pra ir até o final:
Netflix + ChatGPT: a IA que responde melhor que seu amigo cinéfilo.
A IA pode cuidar dos seus entes queridos? O Reino Unido está provando que sim…
Caíram 90% e ainda voltaram ao jogo: o comeback de Casas Bahia e Magalu.
O novo vício nacional não é TikTok, é cashback no açougue.
A marca que virou censura e limpou a boca dos convidados nos podcasts.
O palco agora vende e o TikTok quer transformar cada creator em canal de vendas real-time.
O melhor conselho de Warren Buffett não tem cifra, tem caráter.
Segue o fio pra se aprofundar nas tendências que estão moldando o presente e o futuro 👇
Sua próxima maratona começa com uma pergunta, não com um clique.
Sabe aquela sensação de abrir a Netflix e não saber o que assistir? Esquece. Agora, você pode simplesmente dizer: “Quero algo engraçado e animado”
E a plataforma responde com a fluência de um atendente cinéfilo que acabou de sair do ChatGPT.
A gigante do entretenimento acaba de estrear uma nova experiência de busca conversacional alimentada por IA generativa. Um upgrade que troca o “digite aqui” por uma conversa com inteligência artificial. É como se a Netflix tivesse colocado um roteirista de Hollywood dentro do seu controle remoto.
Além da busca inteligente, a nova homepage foi repaginada: mais limpa, mais responsiva e o principal, mais intuitiva. A Netflix está declarando guerra ao tempo perdido no catálogo. Agora, tudo gira em torno de um feed que antecipa o que você vai querer antes de você saber o que quer.
Essa virada não é só técnica. É estratégica. Ao incorporar o ChatGPT e os formatos de consumo rápido, a Netflix reconhece uma verdade silenciosa: não basta ter o melhor conteúdo, é preciso servir esse conteúdo no formato que o usuário já aprendeu a desejar.
Cuidadores digitais: o novo normal?
Enquanto boa parte do planeta ainda se pergunta se a IA vai acabar com os empregos, o Reino Unido já colocou a pergunta no lugar certo:
Será que a IA pode cuidar de quem você ama?
A resposta está sendo testada — literalmente — no corpo de idosos. De sensores que detectam quedas antes que elas virem internações, a apps que leem o rosto de pacientes não verbais e apontam: “esse olhar aqui é dor”. Chamado de PainChek, o app cruza expressões faciais com histórico médico e devolve uma resposta com precisão de algoritmo.
Em paralelo, robôs sensíveis ao toque estão sendo usados para treinar cuidadores humanos. Eles reagem, flincham, simulam dor. Sim, um robô que sente quando o carinho vira descuido. E devolve aprendizado sem arriscar um paciente real.
Mas aí vem o ponto: a tecnologia pode ser revolucionária — mas não pode ser relacional e isso muda tudo.
A Dra. Caroline Green, de Oxford, crava o que ninguém quer ouvir quando o assunto é hype:
“Não existe cuidado real sem presença humana. A IA pode ser ferramenta, mas jamais afeto.”
E mais: alerta para riscos de vieses, privacidade e a ilusão de eficiência que troca proximidade por praticidade. Enquanto a saúde pública busca atalhos, a ética exige freios.
Elas despencaram 90%. E agora estão ensinando o varejo a levantar.
Durante anos, Casas Bahia e Magalu foram os queridinhos da bolsa — e os primeiros a sofrer quando o romantismo do e-commerce encontrou a realidade dos juros a 14,25%. Só que, em 2025, num setor ainda machucado, as duas resolveram nadar contra a corrente. E o mais surpreendente? Estão chegando à margem com fôlego de sobra.
Depois de flertar com o abismo, as Casas Bahia fizeram o que muita empresa posterga até ser tarde demais: botaram a casa em ordem.
Reduziram portfólio, cortaram gordura, mataram categorias pouco lucrativas e demitiram 6 mil pessoas pra voltar a ser viável. Não é bonito de ver, mas é necessário pra sobreviver.
E os números já começaram a refletir essa faxina estratégica:
→ Receita líquida subiu 7,6% no 4T24,
→ EBITDA ajustado explodiu 300%,
→ E o caixa respirou: R$ 1,2 bilhão livres, o melhor em 5 anos.
Mais do que um plano de recuperação judicial com Bradesco e BB, a empresa mostrou que transformação, no varejo, não se faz no marketing — se faz na planilha.
Já o Magalu virou sinônimo de e-commerce. Mas nos últimos dois anos, virou também símbolo de queda vertiginosa: de R$ 272 por ação em 2020 para menos de R$ 10.
A resposta? Menos euforia, mais execução.
→ Fecharam lojas,
→ Cortaram despesas,
→ E agora estão reposicionando o negócio com um novo ciclo estratégico inspirado nos gigantes chineses.
O Magalu agora não é só loja. É: Cloud (Magalu Cloud), Logística (Magalog), Fintech (MagaluPay), Marketplace plugado no AliExpress.
Na última linha, o resultado:
→ Lucro líquido de R$ 448,7 milhões em 2024, revertendo prejuízo bilionário.
→ E LuizaCred voltou a dar orgulho: R$ 84 milhões de lucro só no primeiro trimestre.
Programa de fidelidade virou vício (ou melhor) poder nacional.
Sete em cada dez brasileiros já estão dentro de algum programa de fidelidade de supermercado. E quem ainda não entrou, ou tá dormindo, ou tá perdendo dinheiro. Porque a real é: os programas de fidelidade deixaram de ser mimo e viraram estratégia de sobrevivência, tanto pro bolso quanto pro mercado.
Desconto? Sim. Mas também dados.
Hoje, 68% dos consumidores dizem organizar suas compras com base nas promoções desses programas. Isso significa que não é o supermercado que escolhe o cliente. É o programa que define onde o carrinho vai parar.
E a disputa é grande.
→ 60% querem milhas
→ 54% querem desconto direto no caixa
→ 42% querem acesso exclusivo ao que ninguém mais vê.
É o novo “quem dá mais”, mas com um twist: não basta dar — tem que entender. Personalização virou obrigação. Supermercado que não trata cada CPF como uma persona, está queimando estoque… e relevância.
O que isso muda pro varejo? Tudo.
Num país onde o preço do leite virou termômetro de crise, quem oferece valor contínuo, vira parte da rotina.
Programas de fidelidade hoje são ferramentas de retenção, previsibilidade de demanda e captação de dados em escala.
E aí vem o pulo do gato: Não é só sobre fidelizar cliente.
É sobre transformar hábitos de compra em ativos de marca.
Quando bem executados, esses programas não só aliviam o bolso, eles criam um laço emocional com o carrinho de compras. O tipo de vínculo que você não rompe por causa de R$0,30 na concorrência.
No fim do dia, supermercado é commodity. Mas relacionamento, não.
E quem dominar esse jogo, não só vende mais. Vira hábito.
Quando a marca vira o piiiiiiii que todo mundo ouve.
No Brasil, onde a criatividade sempre deu um jeito de burlar qualquer censura, a Cif foi lá e fez melhor: abraçou a censura — e transformou em branding.
A campanha “Dirty Mouth Sponsorship”, criada pela Droga5 São Paulo, é o tipo de jogada que não limpa só superfícies. Ela limpa a barra da monetização de conteúdos explícitos e ainda gruda a marca na cultura de um jeito que ninguém viu chegando.
Em vez de um “beep” sem graça cortando os palavrões dos podcasts, quem entra é o famoso... CIIIIIF. Um som que substitui a censura tradicional com a assinatura sonora da marca. Toda vez que alguém solta um palavrão no “Broxada Sinistra”, “Missão PodDelas” ou no “Inteligência Ltda”, não é mais um corte seco. É uma inserção de marca — orgânica, esperta e impossível de ignorar.
Num mercado onde todo mundo quer falar com a Gen Z, mas ainda escreve como o comercial de margarina dos anos 2000, a Cif entendeu o jogo. E jogou com ironia, timing e storytelling sonoro.
Quando a marca vira trilha de censura… ela não some. Ela entra pra história.
Samsung quer seus eletrônicos antigos e seu protagonismo no futuro sustentável do Brasil.
A gigante sul-coreana acaba de lançar o Recicla B2B, uma expansão estratégica da sua política de logística reversa, agora voltada para o universo corporativo. A ideia é simples, ousada e eficiente: qualquer empresa, de qualquer porte, pode entregar seus eletrônicos obsoletos — de baterias industriais a ares-condicionados — direto nas mãos da Samsung. Sem frescura. Sem marca específica. Sem desculpa.
E o mais interessante? A coleta é feita no endereço da empresa. A Samsung quer que você foque no seu core business, enquanto ela transforma sucata em impacto ambiental positivo — e reputação premium.
O movimento também ganhou as salas de aula: Unicamp e escolas públicas agora fazem parte da rede de pontos de coleta. O objetivo? Não só reciclar, mas reeducar. Formar uma geração que entenda que sustentabilidade não é só plantar árvore depois do estrago — é evitar o estrago na origem.
O Recicla B2B não é só um programa ambiental. É uma jogada de branding, logística e posicionamento. Em um cenário onde o ESG já deixou de ser diferencial e virou pré-requisito, a Samsung mostra que não basta falar bonito. É preciso coletar bonito. Executar bonito. Liderar bonito.
TikTok Shop chegou ao Brasil e está prestes a virar o shopping center da nova economia digital.
Na nova lógica do conteúdo-commerce, o feed virou vitrine, o creator virou vendedor e o algoritmo virou gerente de loja.
Para startups, marcas emergentes e PMEs, isso é uma convocação: ou você aprende a performar com produto na mão ou vai ser engolido por quem já nasceu nesse palco.
A entrada oficial do TikTok Shop no Brasil abre portas que antes só estavam disponíveis para grandes marcas com estrutura. Agora, qualquer criador pode virar revendedor, qualquer startup pode ativar uma operação comercial direto da base de conteúdo. É influência plugada em estoque com conversão na mesma tela.
O Brasil, por sinal, é o cenário perfeito: já somos um dos países mais ativos da plataforma, e temos uma cultura de consumo baseada em descoberta emocional + impulso + aspiração tudo que o TikTok entrega de bandeja.
E mais: com a integração de pagamentos e logística, o TikTok não quer só gerar buzz. Quer fechar venda, embalar e entregar. A experiência é nativa, fluida, com zero fricção. O usuário clica, compra e continua assistindo. O produto vira conteúdo. O conteúdo vira tendência. A tendência vira lucro.
Quer sucesso? Troque a conta bancária pelo capital moral, diz Warren Buffett.
Warren Buffett já ensinou o mundo a investir. Agora, ensina algo mais valioso: como ser alguém digno de admiração.
Em uma conversa recente com estudantes da Universidade de Nebraska, o bilionário dispensou fórmulas mágicas, tabelas de valuation e métricas de ROI. Em vez disso, deixou um conselho direto, afiado e desconcertante:
“Escolha ser alguém em quem as pessoas querem apostar. E isso não tem nada a ver com dinheiro.”
Buffett não está falando de ser o mais brilhante da sala, nem o mais rico do grupo. Ele fala sobre integridade, caráter e confiança — atributos que não aparecem no LinkedIn, mas definem os maiores negócios da sua vida: amizades, parcerias e reputação.
Segundo ele, o verdadeiro diferencial competitivo é ser o tipo de pessoa que os outros torcem para ver vencer. Que inspira confiança. Que entrega o que promete. E que, acima de tudo, escolhe fazer o certo mesmo quando ninguém está olhando.
Buffett também provocou: “Pense em alguém da sua idade que você admira. Quais são os motivos? Não é o QI. Não é o saldo na conta. É a maneira como essa pessoa trata os outros.”
Em um mundo obcecado por números, Buffett nos lembra que o maior ativo é invisível: a sua capacidade de gerar confiança. Porque, no fim do dia, sucesso é consequência. Caráter é escolha.
E você? O que anda valorizando?